ATA DA VIGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 05.09.1995.
Aos cinco
dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às quinze horas e dezoito minutos, constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio de Educação "Thereza
Noronha" ao Senhor Antonio Carlos da Fonseca Fallavena, de acordo com o
Requerimento nº 02/95 (Processo nº 0398/95), de autoria do Vereador Jocelin
Azambuja e aprovado pelo Plenário. Compuseram a Mesa: Vereador Mário Fraga, 1º
Vice-Presidente desta Casa, no exercício da Presidência neste Ato, Senhora Iara
Wortmann, Secretária de Educação do Estado, representando o Senhor Governador
do Estado, jornalista Adauto Vasconcellos, representando o Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre, o Homenageado, sua esposa, Senhora Mareli Fallavena,
sua filha, Alessandra Fallavena, o Senhor Eliseu Padilha, Secretário do
Trabalho, Cidadania e Ação Social do Estado, Senhor Délcio Cunha Iranzo,
Presidente da Federação das Associações dos Círculos de Pais e Mestres do Rio
Grande do Sul. E como extensão da Mesa, o Senhor Presidente registrou as
presenças do Senhor Francisco Rodrigues, representante da Escola Municipal
Leocádia Felizardo Prestes, o Senhor Vitalino de Deus Vieira, representando o
Presidente da FADERS, a Senhora Mílvia Johansson, representando a Associação
dos Inspetores de Ensino do Rio Grande do Sul, a Senhora Tânia Rodrigues,
representando o Centro Luiz Braille e o Senhor Vilmar Jovinatz, representando a
FEDERAPARS. Após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da
Casa. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome das Bancadas do PTB, PDT, PMDB, PP,
PPS e PSDB, destacou a responsabilidade e a preocupação permanente com o futuro
dos filhos e famílias envolvidas com a educação, como qualidades que levaram o
homenageado à presidência da Federação do Círculo de Pais e Mestres,
salientando, ainda, suas características de agregador e líder nato, sempre
mobilizando as comunidades por onde passa. O Senhor Presidente, registrou com
tristeza que o Secretário Eliseu Padilha teve um mal estar e precisou se
ausentar, passando a ser representado nesta Sessão pela Senhora Dailse Maria
Leite. Em continuidade, a Vereadora Maria do Rosário, em nome da Bancada do PT,
relembrou os momentos em que lutaram juntos, como estudante e depois, no
magistério, reescrevendo a história da educação pública deste Estado, sendo o
homenageado integrante do segmento de pais organizados. O Vereador Reginaldo
Pujol, em nome da Bancada do PFL, reportou-se à trajetória de vida do
homenageado, considerando-o um bom exemplo, através do qual podem prosperar as
boas causas, entre as quais a de uma escola pública democrática que somente
será alcançada através da atuação de toda a comunidade escolar e onde a figura
dos pais é fator preponderante e fundamental. A seguir, o Senhor Presidente
convidou o Vereador Jocelin Azambuja para que entregasse o Diploma alusivo ao
Título ora outorgado ao Senhor Antonio Carlos da Fonseca Fallavena, concedendo,
logo após, a palavra a Sua Senhoria que agradeceu por esta homenagem a todos os
presentes e à Casa, dizendo que a sua responsabilidade aumentou, repartindo o
Título que recebe com todos os pais que participaram dos Círculos de Pais e
Mestres. Às dezesseis horas e vinte e um minutos, nada mais havendo a tratar, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de
todos e convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene que ocorrerá às
dezessete horas de hoje. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Mário
Fraga e Secretariados pelo Vereador Jocelin Azambuja, Secretário "ad
hoc". Do que eu, Jocelin Azambuja, Secretário "ad hoc",
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Mário
Fraga):
Estão abertos os trabalhos desta Sessão destinada à entrega do Prêmio de
Educação Thereza Noronha ao Sr. Antonio Carlos da Fonseca Fallavena, proposição
feita através do Requerimento 02/95, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja.
Convido a comporem a Mesa: Sra. Iara Wortmann, Secretária de Educação
do Estado, representando o Sr. Governador do Estado; Jornalista Adaucto
Vasconcellos, representando o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; o nosso
homenageado; sua esposa, Sra. Mareli Fallavena; sua filha, Alessandra
Fallavena; o Sr. Eliseu Padilha, Secretário do Trabalho, Cidadania e Ação
Social do Estado; Sr. Délcio Cunha Iranzo, Presidente da Federação das
Associações dos Círculos de Pais e Mestres do Estado.
Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja, que fala pelas Bancadas do PTB,
PDT, PMDB, PP, PPS e PSDB.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) No ano passado
instituímos, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o Prêmio de Educação
Thereza Noronha. Chamou-nos a atenção que a Câmara de Vereadores, nos seus 221
anos que completava, não tinha ainda um prêmio de educação. Vejam como a
educação é sempre relegada a um segundo plano. Não tínhamos um prêmio para
aqueles que lutam e defendem intransigentemente a educação. Tivemos a
oportunidade de, no Projeto de Lei, estabelecer que este prêmio concedido
anualmente seria dado, justamente, a pais, professores e pessoas que se
destacaram na área de educação.
Tivemos a honra de fazer entrega, no ano passado, do Prêmio Thereza
Noronha a nossa querida Zilah Totta, que é amiga de todos, e, inclusive, nos
telefonou, dizendo da sua impossibilidade física de estar presente neste ato,
mas que mandava um abraço ao nosso Fallavena, porque os seus problemas de saúde
não lhe permitiam estar aqui.
Neste ano, a decisão foi a de homenagear um pai que luta e que defende
a educação. Nada melhor do que prestar a homenagem a um pai que, ao longo dos
últimos anos, trabalha na defesa da nossa educação, que tanto precisa de apoio,
que tanto precisa de congraçamento, que tanto precisa de que todos se voltem,
justamente, para a grande necessidade em fazer a educação avançar.
Conheci o Fallavena em 89. Na época, eu presidia a Federação dos
Círculos de Pais e Mestres. Estávamos num processo de greve e fazíamos algumas
manifestações na frente do Palácio do Governo, como tem sido uma prática nos
últimos governos nós irmos para a frente do Palácio, quando conheci o Fallavena,
que estava acompanhado da esposa e da filha. Ficamos ali conversando. Ele era
Presidente do CPM da Escola Rubem Berta, aqui em Porto Alegre. Depois nos
reunimos na Escola Paula Soares e fomos conversando e nos conhecendo. Era um
momento de transição na Federação dos Círculos de Pais e Mestres: tínhamos um
processo natural, quando as entidades têm que se renovar. Nós tínhamos que
entregar a presidência da entidade e novos companheiros teriam de assumir. Nós
discutimos, eu e outros colegas de diretoria, sobre quem iria dar continuidade,
quem lideraria o grupo que continuaria o trabalho, na época, da Associação dos
Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul, depois transformada em
Federação. Ficamos pensando que, para atuar numa área como nós atuamos, que é
eminentemente idealista, que não envolve qualquer tipo de contraprestação senão
a realização de ideais - se paga do bolso para trabalhar, como têm feito, ao
longo do tempo, os colegas que participaram do movimento dos Círculos de Pais e
Mestres, das Associações de Pais e Mestres do Estado... Começamos a observar
características que o Fallavena tinha: ele gostava por demais de sua família,
gostava muito da sua filha, da sua esposa. Estava sempre envolvido com a sua
família, em todos os seus momentos. Para nós isso era muito importante. Era um
traço que marcava uma relação comum com a Federação dos Círculos de Pais e
Mestres: a responsabilidade e a preocupação permanente com o futuro dos nossos
filhos, com a nossa família. Isso foi o ponto que fez com que o grupo optasse
por apoiar o nome de Fallavena para assumir a Presidência da Federação dos
Círculos de Pais e Mestres, que acabou, posteriormente, vindo a ocorrer numa
mobilização de todos os CPMs.
É justamente esse traço de relação, essa preocupação com a sua família,
essa preocupação com a sua comunidade que fez com que nos lembrássemos do seu
nome para hoje conceder-lhe essa honraria, que é o Prêmio Thereza Noronha, no
seu segundo ano, no momento em que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre
completa 222 anos de existência e que é um símbolo de estruturação da
democracia e um símbolo de organização da representação do povo no Parlamento.
O Fallavena tem uma característica muito importante. Ele é um
agregador, é um líder nato, que sempre esteve e está mobilizando as comunidades
por onde passa. Há poucos dias estávamos no Paraguai, num encontro maravilhoso,
num momento de fraternidade que talvez não tenhamos presenciado há muitos e
muitos anos nessa América Latina. Imaginem os senhores o que é cerca de duas
mil pessoas, professores e pais, irmanados, do Brasil, Argentina, Paraguai,
Uruguai, Chile e Bolívia, de mãos dadas, gritando "Viva a América",
"Viva a democracia", "Viva a educação". São movimentos como
esse que nos enchem de alegria. Os paraguaios nos perguntavam por que veio esse
grupo todo do Rio Grande do Sul. Nós os lembramos de que os gaúchos têm uma
sina de buscar, na integração com os povos latino-americanos, mobilização para
levar o País avante. Vejam que recentemente o Governo Federal tem-se envolvido
com o processo de mobilização das comunidades, justamente fruto da organização
que o Rio Grande do Sul tem, e que está espalhando por todo o País, nos
Círculos de Pais e Mestres, nas Associações de Pais e Mestres. Demonstrou-se
isso nas conversas que o Fallavena fazia com os companheiros dos diversos
Estados brasileiros que o convidavam para ir para seus Estados para fazer com
que essa mobilização cresça mais em todo o nosso País.
São essas as características que fazem com que as pessoas se diferenciem
umas das outras, porque valor é evidente que todos têm, mas existem aqueles que
conseguem se diferenciar justamente porque se doam mais à sua comunidade. O
Fallavena tem a característica de se doar, e se doa ao extremo de ter que andar
a Mareli ao seu encalço para não deixá-lo doar-se demais, porque, senão, ele
vive vinte e quatro horas o Movimento dos Círculos de Pais e Mestres. E a
Mareli tem sido tenaz nessa luta de fazer o equilíbrio, tão importante, que tem
que ser feito na família, que é conseguir se fazer essa relação positiva. Por
outro lado, o Fallavena, nesses anos de trabalho, tem conseguido granjear o
respeito, a simpatia, o carinho, de tantas e tantas pessoas no Rio Grande do
Sul e de fora do nosso Estado. O exemplo disso é a presença, hoje, de tantas
autoridades representativas da nossa sociedade, em especial a nossa Secretária
Iara Wortmann, o nosso Secretário Eliseu Padilha, Dr. Claudio Acurso, os
companheiros fundadores da CPM, da FEDERAPARS, da Associação dos Supervisores,
da FIERGS, enfim, tantos que estão reconhecendo e sentindo o trabalho altamente
positivo que o companheiro Fallavena tem feito em prol da educação no Rio
Grande do Sul e também, em especial, na Cidade de Porto Alegre.
Fallavena, receba o nosso abraço e nosso agradecimento por tudo que
tens feito pela educação. Que continues firme nesta caminhada, fazendo com que,
cada vez mais, os pais sejam respeitados no processo de educação e que sejam
ouvidos permanentemente. Que possamos juntos, pais e professores, com as nossas
autoridades, nossos governantes, buscar as soluções para que, realmente, um dia
tenhamos uma grande cidade, um grande Estado e um grande Brasil. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos, com tristeza,
que o Secretário Eliseu Padilha, por problemas de saúde, precisou retirar-se no
momento. Por extensão, colocamos na Mesa a Dra. Dailse Maria Leite, que passa a
representá-lo.
A Vera. Maria do Rosário está com a palavra pela Bancada do PT.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Demais pessoas presentes
neste Plenário. Para mim é motivo de muita felicidade falar neste momento de
homenagem, momento de entrega do Prêmio Thereza Noronha ao Sr. Antonio Carlos
Fallavena. É um momento especial porque conhecemos a luta do companheiro
Fallavena não somente a partir do momento em que chegamos nesta Casa, mas,
especialmente, conhecemo-nos desde as lutas do magistério, desde as lutas dos
estudantes. Em todos os momentos em que a comunidade teve problemas, em todos
os momentos em que foi necessário mobilizar a comunidade escolar, estivemos
juntos - professores, pais, alunos -, reescrevendo a história da educação,
especialmente da educação pública deste Estado, a partir da compreensão de que
é através da participação, da mediação das diferenças, do respeito às
diferentes posições dentro de uma escola, que podemos construir, de fato, uma
escola verdadeiramente digna, democrática, a serviço de nossos filhos, dos
nossos alunos, a serviço da maioria da população.
É importantíssimo - e destaco a iniciativa do Ver. Jocelin Azambuja - a
Câmara de Vereadores de Porto Alegre homenagear um pai ao se falar de educação.
Faço esse destaque porque é certo que uma escola é composta por diferentes
elementos e é certo também que nessa escola, composta por diferentes elementos,
todos temos uma contribuição a dar. Ao falarmos em educação, e especialmente ao
entregarmos um prêmio com o nome de uma lutadora pela educação como Thereza
Noronha, a quem fazemos, neste momento, o nosso tributo, eu quero lembrar Paulo
Freyre, que nos diz: "Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós
sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa." É desses
diferentes saberes que se compõe uma escola. É desse respeito às diferenças que
se compõe uma escola.
Tenho certeza, senhores pais, especialmente o nosso homenageado, o Sr.
Antonio Carlos Fallavena, de que a nossa convivência, enquanto líderes
partidários - e eu falo em nome do meu partido, o Partido dos Trabalhadores -,
enquanto lideranças estudantis, lideranças do magistério, enquanto agentes da
educação dentro de uma escola, muito tem contribuído com a comunidade escolar.
O segmento de pais organizados de fato promove a escola a agente social em
nível superior ao que ela tinha quando esse segmento não havia se organizado
ainda. Digo isso porque democratizar a escola é garantir que todos os elementos
que a compõem tenham a possibilidade de decidir sobre seus rumos e sobre a sua
qualidade. Mais do que tudo: se, de fato, nós tivéssemos enfrentado, num
crescendo, o processo de democratização da escola pública no Estado do Rio
Grande do Sul e no Brasil, sem os dissabores desse ou daquele momento,
provavelmente os resultados em educação seriam melhores. Se professores, pais,
alunos fossem, verdadeiramente, nos últimos trinta anos, ouvidos sobre os rumos
da educação, especialmente da educação pública, eu pergunto a vocês: será que
nós teríamos índices alarmantes como os que amargamos, de trinta milhões de
analfabetos? Eu acredito quer não. Eu confio muito especialmente na gestão
democrática, não a gestão democrática no papel, não a gestão democrática na
lei, mas a gestão democrática construída no cotidiano de uma escola entre os
diversos elementos, diversas parcelas que a compõem, que devem estar
organizadas livremente, contribuindo para que ela seja uma soma de tudo e um
todo ao mesmo tempo harmônico, estabelecido dentro de um projeto maior de
escola e - por que não dizer, por que não afirmar? - de sociedade de mais justa.
É por isso que, neste momento, quando homenageamos o Sr. Antonio Carlos
Fallavena, eu quero destacar a importância de ser um dirigente da
CPM/Federação. Faço esta saudação em nome do Partido dos Trabalhadores,
destacando esta importância. Quero dizer que somente nos honra como
professores, também, podermos, neste momento, avaliar o grau de organização a
que chegaram os pais no Rio Grande do Sul e que, certamente, este grau de
organização concorre para que nós elevemos a nossa escola a uma qualidade melhor,
cada vez maior, cada vez mais à altura do momento em que vivemos, do futuro que
nos espera e da perspectiva de melhora da qualidade de vida que queremos para
todos os nossos alunos, para todos os nossos filhos.
Receba o nosso abraço, companheiro Fallavena. Receba o nosso carinho e
tenham a certeza que só nos honram neste momento. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Gostaríamos de considerar
como extensão da Mesa: o Sr. Vitalino de Deus Vieira, representando o
Presidente da FADERS; a Sra. Mílvia
Johansson, representando a Associação dos Inspetores de Ensino do Rio
Grande do Sul; a Sra. Tânia Rodrigues, representando o Centro Luiz Braille; e o
Sr. Vilmar Jovinatz, representando a FEDERAPARS.
O Ver. Reginaldo Pujol, representando a
Bancada do PFL, está com a palavra.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Ilustre homenageado, Antonio Carlos
da Fonseca Fallavena, que hoje recebe, juntamente com a sua esposa, Mareli
Fallavena, e com a sua filha Alessandra esse galardão que é o Prêmio de
Educação Thereza Noronha, concedido àqueles que, de uma forma ou de outra, ao
longo do ano, se destacam na área da educação na Cidade de Porto Alegre, prêmio
esse que decorre de uma iniciativa do Ver. Jocelin Azambuja e que foi
acompanhado pela totalidade da Casa pela relevância do trabalho desenvolvido
pelo nosso ilustre homenageado, que justifica plenamente essa circunstância
peculiaríssima que o Legislativo da Cidade tenha-lhe outorgado, deferido a uma
única pessoa em cada ano legislativo.
Por certo, a experiência e a convivência do Ver. Jocelin Azambuja ao
longo das atividades comuns que desenvolve junto ao nosso homenageado lhe deram
essa peculiar condição de ser o proponente desta iniciativa, que é acolhida por
todos os seus pares e a transformou numa homenagem do Legislativo da Cidade e,
por conseqüência, da Cidade de Porto Alegre. Eu, pessoalmente, me sinto muito à
vontade na homenagem que faço ao Sr. Antonio Carlos da Fonseca Fallavena porque,
representando o Partido da Frente Liberal, observo que, no currículo de nosso
homenageado, constam inúmeras atividades e afazeres, todos eles vinculados a
entidades não-governamentais, onde a abnegação e o desejo de servir se colocam
como predicativo primeiro a lastrear e fundamentar a atuação que ele
desenvolveu ao longo desse período, desde a Escola Rubem Berta, dirigindo
Círculos de Pais e Mestres e, posteriormente, entidades de maior relevância,
até atingir aqueles organismos internacionais, como muito bem acentuou, aqui da
tribuna, o Ver. Jocelin Azambuja. Nessas condições, eu me sinto muito à vontade
para participar desta homenagem exatamente em um dia e em uma hora em que a
Casa recebe a Secretária de Educação do Estado, que se encontra envolvida com
um audacioso projeto em que busca estabelecer a gestão democrática na escola
pública do Rio Grande do Sul. É evidente, e já foi acentuado pelos oradores que
me antecederam, que esse projeto haveria de ser frustrado se ele não tivesse
como uma das suas bases de sustentação exatamente aquelas entidades que reúnem
os pais, os diretamente responsáveis pelo sucesso da escola pública neste
Estado, na medida em que, vigilantes, procuram assegurar aos seus filhos o
melhor nível de educação que o Estado possa oferecer-lhes.
Eu já observo com alegria algumas pessoas que, no passado, como a Ieda,
foram minhas colegas em uma escola pública, uma das primeiras escolas noturnas
que chegavam em Porto Alegre e onde a expressão da atuação dos pais do nosso
Colégio Dom João Becker, então Ginásio Estadual Dom João Becker, era muito
pequena na medida em que a maioria das pessoas que lá ia buscar o ensinamento
não eram os filhos e, sim, os pais, que não tinham tido oportunidade, no
passado, de conseguir uma escola onde pudessem cursar os primeiros degraus que
levassem a uma formação profissional definitiva. Então, revendo a Ieda, eu
lembro do quanto era importante para nós sabermos que entidades que não eram
vinculadas diretamente à vida escolar nos davam oportunidades para facilitar as
condições pelas quais nós haveríamos de tornar mais tranqüilo aquele período de
aprendizado que tínhamos que buscar à noite, em função de que, na quase
totalidade, todos nós trabalhávamos durante o dia. Quando vejo que os CIERGS
comparecem hoje aqui para aplaudir o seu trabalho, sinto que estão maduras,
Profa. Iara, as condições para que o seu trabalho de gestão democrática possa
produzir efeitos positivos. Certamente, na produção desses efeitos, haverá de
estar presente essa esperança maravilhosa que os CPMs, com homens como o nosso
homenageado, desenvolveram no Estado do Rio Grande do Sul.
Os meus cumprimentos são redobrados, não só ao casal homenageado e à
sua família, como também ao Ver. Jocelin Azambuja, que teve as luzes de fazer
essa proposição. Tenho a certeza de que esta Casa tem o dever de, sempre que
puder, exaltar os bons exemplos através dos quais podem prosperar as boas
causas, entre as quais a de uma escola pública democrática, que só será
alcançada com a atuação de toda a comunidade escolar, da qual nunca poderá se
afastar a figura dos pais, fator preponderante e fundamental na consecução
desses objetivos.
O meu abraço, as minhas homenagens e o meu respeito e a convicção de
que esse título é honrado. A Profa. Thereza Noronha certamente sentir-se-ia
honrada ao saber que o senhor, Dr. Fallavena, foi um dos escolhidos justamente
neste ano em que a Câmara de Vereadores completa 222 anos de trabalho na
Cidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do
Sr. Francisco Rodrigues, representante da Escola Municipal Leocádia Felizardo
Prestes.
Solicito ao Ver. Jocelin Azambuja que proceda à entrega do Prêmio de
Educação Thereza Noronha ao nosso homenageado, Antonio Carlos da Fonseca
Fallavena.
(É feita a entrega do Prêmio.) (Palmas.)
O nosso homenageado, Sr. Antonio Carlos da Fonseca Fallavena, está com
a palavra.
O SR. ANTONIO CARLOS
FALLAVENA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os membros da Mesa.) Ver. Jocelin
Azambuja, amigo, irmão, eu teria que citar o nome de todos, porque, na
realidade, vejo em cada um de vocês um amigo, as pessoas que representam as
entidades, companheiros de CPMs, o
Délcio, Presidente da FEDEPARS, nossa entidade coirmã.
Sr. Presidente, quero tornar a
minha participação, na tarde de hoje, o mais simples possível, pois tem sido
assim o meu trabalho, aquele trabalho que busquei e busco realizar junto com os
milhares de pais e professores que trabalham neste Estado pela educação,
tornando simples essa pequena conversa que eu quero ter com vocês no momento
que eu vivo hoje, no momento que vivemos hoje. Me permitam e me perdoem se eu
misturar o "nós" com o "eu", porque eu, durante muito
tempo, perdi o hábito de falar na minha pessoa. Foi uma das coisas que a CPM/Federação
e o Movimento dos Círculos de Pais e Mestres me ensinaram, a não falar nunca na
primeira pessoa do singular, porque nós somos muito pequenos, nós somos muito
pouco quando falamos de nós; nós, eu, pessoa. Nós precisamos falar de nós
todos. Então, se eu, volta e meia, misturar o "eu" com o
"nós", vocês não reparem.
Receber o Prêmio Thereza Noronha, para mim, significa mais do que o
reconhecimento do trabalho de um cidadão, o reconhecimento do trabalho de
milhares de pais nos últimos anos, nas nossas escolas públicas. Representa
receber desta Casa, num segundo ano de entrega de um prêmio tão importante, um
prêmio que foi recebido pela Profa. Zilah Totta e que só não está aqui porque
está com a saúde muito debilitada - conversei com ela ao meio-dia, por telefone,
e ela lamentava não estar aqui para poder participar conosco deste ato, que é
um ato da educação e pela educação -, o reconhecimento por um trabalho e também
receber novos encargos, porque quem recebe um título da educação ou pela
educação, um título Thereza Noronha, acaba não se desvinculando mais e não
tendo mais o direito de recuar diante de qualquer luta que se lhe apresente.
Quando eu vinha para cá hoje, lembrava-me de que há poucos meses já
pensava nas minhas férias. Nosso mandato na CPM/Federação termina no ano que
vem. Depois de quase sete anos de trabalho no Círculo de Pais e Mestres, eu
pretendia tirar umas férias. Vejo que hoje, diante do que está me sendo posto à
frente, como cidadão, eu terei de deixar as minhas férias de lado e continuar
realizando o meu trabalho, junto com os meus companheiros, para que se possa
fazer da participação do segmento dos pais algo que venha a tornar possível a
recuperação da nossa escola pública.
Estou, hoje, na situação em que o nosso colega Tomás, de Santa Rosa,
esteve no ano passado, e jamais imaginei repetir as palavras dele, pois é muito
interessante a gente oferecer homenagem a alguém, mas é muito difícil receber
homenagem, porque, às vezes, a gente não sabe nem por que está recebendo a
homenagem. Quando se faz da forma como disse o Jocelin, com idealismo, com
espontaneidade as coisas, não escolhendo a hora, não escolhendo o momento,
inclusive com sacrifício, a gente não vai somando isso como pontos, mas tendo
apenas a idéia de que está cumprindo com o seu papel. Essa é a imagem que tenho
do meu trabalho. Tenho absoluta certeza de que é a imagem que os meus colegas
cepemistas de todo o Estado também têm, porque é esse o espírito que nós temos
no trabalho que realizamos.
É muito difícil ser pai - e olhem que só tenho uma filha -, mas digo a
vocês que é muito mais difícil ser pai e educador, e a gente luta para que se
consiga isso. Ser pai e educador é ser aquele que dá tudo o que os filhos
precisam e, inclusive, lhes dá perspectivas de vida, de futuro ou daquilo que
muito costumamos dizer hoje: se abrir o caminho para a conquista da cidadania
dos nossos filhos. Ser pai na escola pública é muito mais difícil. Estou hoje
aqui na condição de um pai, recebendo um título que, com certeza, de coração,
repartirei com todos os pais que participam dos Círculos de Pais e Mestres e
que até não podem participar, mas tenho certeza de que, através do trabalho que
nós buscamos realizar, através da mensagem que buscamos levar, nós estamos
iniciando uma grande construção de uma verdadeira, fraternal e sincera
participação dos pais na escola.
Dizia a vocês que não é fácil ser pai. Muito mais difícil é ser pai e
educador. Na escola pública a nossa participação tem sido muito mais difícil.
Muitos e muitos pais ainda não têm direito ao acesso às escolas onde seus
filhos estudam. Muitos e muitos pais, por se omitirem ou por não terem espaço,
por não terem tempo ou não terem consciência, não sabem o que a escola deve
oferecer e o que a escola precisa oferecer a seus filhos. Tem sido o trabalho
que buscamos realizar, este chamamento para que os pais procurem acompanhar
seus filhos na escola, procurem fazer da participação na escola algo que dê
importância na construção do futuro dos seus filhos.
Com certeza saio daqui hoje com mais responsabilidade do que cheguei. E
olhem: as nossas responsabilidades já não eram poucas, mas, com certeza, terei,
lá fora, como aqui, companheiros que caminharão juntos, que comigo continuarão
sua luta, sua caminhada, não buscando reconhecimento, porque isso nunca foi
buscado por nós.
Gostaríamos de dizer, Sr. Presidente, amigos, que esta Casa hoje
homenageia os milhares de pais que nos últimos onze anos, principalmente, se
engajaram na luta em defesa de escola pública. Ao Ver. Jocelin Azambuja, com
muita sinceridade, agradecemos a homenagem que nos presta, sabedores que,
vivendo ele o movimento da forma como viveu, sabe de todos os sacrifícios que
cada um de nós dedica para a realização deste trabalho, sacrifícios pessoais,
nosso lazer, nosso trabalho. Sacrificamos até mesmo o lazer das nossas
famílias. Felizmente, no meu caso, consegui arrastar a família junto, pois hoje
participa ativamente de todas as manifestações. Também não poderia deixar de
agradecer às inúmeras manifestações que recebemos desde ontem de Delegacias de
Educação, de Secretarias Municipais de Educação, de Conselhos Municipais de
Educação, de Direções de Escolas e de Círculos de Pais e Mestres, todos vendo,
na homenagem que hoje é prestada ao Fallavena, a homenagem prestada aos pais e
ao Movimento do Círculo de Pais e Mestres.
Ao receber a homenagem desta Casa, gostaríamos de agradecer a todos os
companheiros da CPM/Federação por todos esses onze anos. Vendo aqui o Roberto,
que veio de Pelotas para prestigiar este gesto da Câmara Municipal de Porto
Alegre, vemos todos nossos colegas companheiros de nossas Diretorias Regionais.
Agradecemos a todos os colegas dos Círculos de Pais e Mestres que conosco têm
caminhado, apesar das dificuldades, na busca do mesmo ideal, dos mesmos
caminhos para atingirmos o mesmo fim. Agradecemos aos familiares, muitos aqui
presentes, às entidades que têm trabalhado conosco durante esses últimos onze
anos de existência da CPM/Federação. Agradecemos a todos que vêem em nós um
cidadão que busca contribuir num processo tão difícil como é a educação. Dentro
das deficiências e das dificuldades existentes, mas, acima de tudo, com
sinceridade, com honestidade e com responsabilidade, temos buscado cumprir com
o papel que nos foi colocado para desempenhar.
Encerramos, Sr. Presidente, agradecendo a três pessoas que nos ajudaram
a chegar ao dia de hoje, com certeza, e aqui não estão: ao tio, padrinho e
amigo Osmar, meu pai Antonio e minha mãe Elvina, que me possibilitaram ser um
cidadão e, acima de tudo, me possibilitaram estar hoje, aqui, como pessoa, como
ser humano e como alguém que quer realmente contribuir para que a nossa
sociedade melhore e para que, principalmente, os nossos filhos tenham futuro,
um futuro digno, um futuro decente, capaz de transformar o nosso País naquilo
que os nossos pais nos prometeram e que, lamentavelmente, não conseguimos
encontrar.
A todos um pedido: não esperem que o Fallavena faça sozinho essa
missão. Precisamos do apoio de cada um de vocês que estão aqui e de cada um dos
amigos de vocês que estão lá fora. A educação é feita de todos, por todos nós,
para todos nós. Só com a educação nós conseguiremos transformar a nossa
sociedade em algo que nos orgulhe no futuro. Que possamos garantir aos nossos
filhos o direito de serem cidadãos!
Muito obrigado à Câmara de Vereadores de Porto Alegre por ter
homenageado os pais, por ter homenageado o Movimento dos Círculos de Pais e
Mestres e por ter também, de uma certa forma, homenageado o Jocelin Azambuja,
que representa o início da luta dos pais pela escola pública no Rio Grande do
Sul. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em nome do Ver. Jocelin
Azambuja, agradecemos a presença de todos e, em especial, à família do
homenageado. É especial este momento para o homenageado, e temos certeza de que
será um momento que ele guardará para o resto da vida.
A Câmara Municipal agradece a todos e, em especial, ao Ver. Jocelin
Azambuja, que nos proporcionou este bom momento. Uma boa tarde a todos. Estão
encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 16h21min.)
* * * * *